Parágrafo: Filosofia da Caixa Preta (Flusser)

 As fotografias fazem parte do nosso dia a dia, e nem nos damos conta do quanto ela mudou a forma como os humanos se relacionam com o mundo. No livro "Filosofia da caixa preta", Vilém Flusser segue o mesmo raciocínio seguido no texto "Animação Cultural", onde há uma inversão de papéis entre homens e objetos. Porém, no livro, o objeto central é a fotografia, sendo essa capaz de interferir nas relações sociais e trazer grandes implicações no mundo contemporâneo. 

Flusser argumenta que a fotografia é uma forma de linguagem que usa códigos para transmitir informações. A imagem tem a função de representar a realidade do mundo. Diante disso, para ele a imagem técnica é uma evolução no modo de enxergar a imagem. Porém, ele traz à discussão a problemática da existência de inúmeras imagens na atualidade. E isso se dá ao fato de que a maioria da população tem acesso à máquinas que tiram fotos: os celulares. Esse cenário gerou a banalização do hábito de fotografar. As pessoas tiram fotos de tudo, e nem se dão ao trabalho de procurar entender como funcionam as "caixas pretas", diminuindo assim o valor da imagem. Para Flusser, as boas imagens são informativas e vêm da vontade do fotógrafo de esgotar as potencialidades do aparelho fotográfico.

Há muitas imagens espalhadas pelas ruas, seja em cartazes, outdoors, muros. E nesses casos, elas visam programar os comportamentos das pessoas, principalmente para incitar o consumismo. Até mesmo da própria indústria de máquinas fotográficas, que melhora cada vez mais os aparelhos e seduz os consumidores a usá-las desenfreadamente. Por fim, o homem caiu em um círculo vicioso, e não consegue mais ver o mundo a não ser pelas lentes da câmera. Ele depende do ato de fotografar cada situação do seu dia a dia, e isso acaba se tornando um hábito inconsciente. E, segundo Flusser, essa é a vontade da máquina. Essa má utilização das fotografias resultou na incapacidade do homem de decifrar as imagens fotográficas. O ser humano agora tem dificuldade de desenvolver senso crítico, interpretar ou entender a intenção do autor.